Case Report #1

A D. C.A de 77 anos deu entrada na nossa residência em outubro de 2023, proveniente do HSFX (Hospital S. Francisco Xavier) onde esteve internada cerca de 7 meses. Este internamento resultou de um acidente de viação traumático, do qual foi vítima em março de 2023, onde surgiram várias fraturas, e com elas várias intervenções cirúrgicas e várias sequelas.

Atropelada por um veículo ligeiro, o qual provocou várias sequelas como, fratura do anel pélvico, fratura de ambos os ramos ilio-isquiopúbicos e sacroilíaco esquerdo, diástase sacroilíaca, submetida a osteotaxia com fixador externo às asas do ilíaco; fratura da apófise transversa direita de C7, esquerda de D1, direita de L3 e L4; fratura marginal do planalto externo da tíbia direita; fratura da coluna anterior, posterior e parede anterior do acetábulo esquerdo; foi re-intervencionada para remoção de fixador externo e fixação anterior com parafusos supracetabular bilateralmente, unidos por barra subcutânea; novamente intervencionada para fixação lombo-pélvica triangular, navegada em decúbito ventral. Fez redução da espessura entre C0 e C4 por hematoma agudo intracanalar extra-medular. Permaneceu um total de 119 dias em UCI (Unidade de Cuidados Intensivos), dos quais 42 com traqueostomia não fenestrada, inicialmente com necessidade de ventilação assistida. Durante o internamento na UCI, como intercorrências, refiram-se infeção do trato urinário, anemia multifatorial e pneumonia.

Desde o acidente até à alta hospitalar da qual saiu acamada o processo tem sido longo e complexo, mesmo a nota de alta não sendo a favor da reabilitação por referir que a senhora tinha pouco potencial esta família não desistiu e confiou no nosso trabalho.
À chegada á A-80 a D. C.A apresentava-se calma, comunicativa quando abordada e orientada nas 3 dimensões. Apresentava-se totalmente dependente nas AVD’s (atividades de vida diária) à exceção da alimentação, na qual já era autónoma. A entrada na residência tem como principal objetivo a reabilitação para regresso ao domicílio.
A equipa técnica avaliou a residente e traçou um plano de intervenção, no qual a grande parte dos objetivos diziam respeito à área da Fisioterapia que de imediato começou a intervir diariamente, contando com o apoio e auxílio das restantes áreas técnicas e com o departamento de AAD’s (Auxiliares de Ação Direta).

O processo de Fisioterapia foi iniciado no leito onde a residente aprendeu novamente a mobilizar o seu corpo, onde ganhou alguma força muscular e equilíbrio sentada. Após estes ganhos as sessões passaram a ser realizadas no ginásio onde trabalhámos arduamente para aumentar a força muscular e conseguir assumir a posição ortostática, iniciámos treino de equilíbrio em pé e reaprendeu a assumir esta posição, inicialmente com ajuda. Nesta altura a senhora foi confrontada com o medo de estar em pé e com o medo de cair, muito pessimista a única expressão que utilizava durante as sessões era “não consigo, não sou capaz” (SIC). Após o ganho de equilíbrio estático em pé ser eficaz e com mais confiança em si e no seu corpo a D. C.A sentiu-se preparada para dar os primeiros passos inicialmente com apoio bilateral, passando para um treino de marcha nas barras, continuando com apoio unilateral, chegámos ao dia em que inicia treino com andarilho, o qual usa atualmente de forma autónoma.

Aos dias de hoje, 3 meses depois, mantemos um treino de força, de equilíbrio dinâmico em pé e já iniciámos treino de escadas. O processo ainda é longo, contudo com o apoio de toda a equipa e da família, a residente “Mantém-se de pé e Acredita!

Fisioterapeuta Mariana Silva